Vício em games: Saiba mais sobre o transtorno dos jogos eletrônicos, que foi recentemente reconhecido como doença pelo CID.

Muito provavelmente você ou alguém da sua convivência gosta de jogar jogos eletrônicos. Seja pelo celular, computador ou em algum console como Playstation ou Xbox, fique atento aos sinais que podem indicar algo muito mais sério do que um simples passatempo.

O que é o transtorno dos jogos eletrônicos (vício em games)?

Após uma versão atualizada da CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) ter incluído o transtorno dos jogos eletrônicos em sua lista, em fevereiro de 2023 o popularmente conhecido como vício em games foi oficialmente reconhecido como uma doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Assim como outros vícios, o transtorno dos jogos eletrônicos tem como uma de suas principais características a sensação de perda de controle. O indivíduo perde o controle sobre o tempo que fica jogando, as horas passam sem que a pessoa perceba, e perde também o controle de suas responsabilidades e tarefas básicas do dia a dia, pois prioriza o jogo em relação a outras atividades do cotidiano, como higiene pessoal, alimentação, trabalho e/ou estudos, vida social etc.

Quais são os sintomas do transtorno dos jogos eletrônicos?

Conhecido em inglês como gaming disorder, o transtorno dos jogos eletrônicos traz inúmeros prejuízos para o indivíduo e afeta sua vida nas áreas profissional, familiar e social. Podemos citar alguns sintomas que são fáceis de perceber nos outros, mas muitas vezes não reconhecemos os nossos próprios vícios, então fique atento se uma pessoa joga mais tempo que o razoável, com prejuízo de outras atividades e de interação social, tem problemas no rendimento escolar ou profissional, tem diminuição no tempo de sono, aumento dos conflitos familiares e irritação quando fica afastado do jogo (sinal de abstinência).

Fique atento principalmente com pessoas mais jovens, que têm uma capacidade crítica menor e acabam trocando a vida social pela online com naturalidade, já que cresceram na era dos smartphones. Muitas pessoas com o transtorno dos jogos eletrônicos têm atitudes drásticas como por exemplo usar fraldas, tomar estimulantes para não dormir e passar sede e fome, tudo para não precisar para ou sair do jogo.

Quais são as consequências para o portador do transtorno dos jogos eletrônicos?

Caso não seja tratado, o vício em jogos pode acarretar danos físicos e emocionais. Podemos citar obesidade, problemas posturais, tromboses, escaras e fissuras na pele, hemorroidas, isolamento, ausência de vida afetiva, social e profissional, transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade, apatia, baixa autoestima, dificuldades de autocontrole, impulsividade e déficits em habilidades sociais. Não podemos esquecer a consequência mais grave de todas, já que existem casos em que pessoas morreram por trombose ou por esgotamento decorrente da falta de alimentação ou hidratação, tudo para não se desconectar do jogo.

Qual o tratamento para o transtorno dos jogos eletrônicos?

Como a maioria dos casos de vício em games envolve adolescentes, é preciso que a família esteja atenta aos sintomas e havendo a suspeita os pais devem conversar com o filho no sentido de promover mudanças em seu comportamento.

Caso a pessoa não consiga perceber o seu vício ou tenha dificuldades em mudar seu comportamento, a ajuda profissional de um psiquiatra ou psicólogo deve acontecer. O tratamento para o transtorno de jogos eletrônicos é similar ao de outros vícios: psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos. Pela falta de maiores estudos sobre o vício em games, a medicação receitada pelo psiquiatra seria limitada ao tratamento das comorbidades (doenças como depressão e ansiedade). Já a terapia ajuda o paciente a avaliar e desenvolver habilidades sociais fora do ambiente virtual, como habilidades de comunicação, de resolução de problemas, de manejo de sentimentos etc.

Como prevenir o transtorno dos jogos eletrônicos?

 Sabendo que a maioria das pessoas viciadas em games são crianças e adolescentes, acredita-se que a redução à exposição dos jogos é muito importante para reduzir os riscos. Isso não significa impedir crianças e adolescentes de jogarem, mas sim ter regras mais definidas de quando e o quanto jogar.

Também é interessante que os pais estejam atentos ao tipo de jogo que seu filho joga, para saber que tipo de conteúdo ele recebe e tentar fugir de jogos que tentam manipular os clientes para mantê-los conectados, evitando que eles desliguem o jogo.

Os pais também podem elaborar uma rotina bem equilibrada para seus filhos, sobretudo na época de férias, intercalando os jogos com outras atividades offline, como esportes, leitura, momentos com os amigos etc.

 No caso de adultos, definir um tempo para dar atenção a outras áreas da vida (como estudos, ver amigos, trabalhar etc.) costuma ser mais efetivo, desde que a pessoa consiga respeitar os limites que ela mesma impôs.

E você, sabia que o vício em jogos eletrônicos era uma doença? Conhece alguém que passa do limite na hora da diversão online?

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