Mulheres na psicanálise: talvez você nunca tenha ouvido falar sobre elas, porém elas fizeram grandes contribuições para a teoria.

Quando se fala em psicanálise, a primeira figura icônica que vem a nossa mente é Freud, porém existiram muitas mulheres importantes para a psicanálise desde a sua descoberta, que brilharam e contribuíram muito para a nossa área.

Quem foi a primeira das mulheres na psicanálise?

Em 1918, Helene Deutsch foi a primeira psicanalista mulher a participar da Sociedade Psicanalítica de Viena de Freud. Seus primeiros textos, que deram origem ao seu primeiro livro, traziam como tema principal a sexualidade feminina, em seus estudos ela colaborou para a compreensão da mente feminina principalmente observando a adolescência e seguindo para a maternidade. 

Dentro dos seus conceitos, Deutsch traz a capacidade das mulheres de se identificarem umas com as outras, e também o que chamou de pseudo-emoção (ligada a personalidade esquizoide, onde o indivíduo transmite sentimentos genuínos mesmo quando “não existem”).

Na mesma época em que ela explorava sobre a sexualidade feminina, Freud se sentiu desafiado e passou a escrever diversos livros a cerca do tema “feminino” também, em forma de rivalidade intelectual.

Por volta de 1950 Deutsch se torna uma psicanalista famosa ao elogiar e falar mais sobre a maternidade, o que a tornou “inimiga” de alguns grupos feministas.

E quais foram outras importantes mulheres na psicanálise?

Logo após Deutsch, começaram a surgir outras psicanalistas mulheres revolucionando a área. Uma delas foi Melanie Klein, que contribuiu com muitas obras sobre a prática clínica e a constituição da psique das crianças.

Já em 1895, nasce a filha de Freud, Anna Freud, que atuou junto ao seu pai atualizando muitos dos seus conceitos, e se tornou uma das mais importantes psicanalistas para a atualização e a difusão da psicanálise pelo mundo.

Quais outras áreas houveram destaques femininos?

Sobre psicologia do desenvolvimento, psicologia educacional e psicolinguística, quem se destacou foi a psicanalista Sabina Spielrein, que foi também considerada uma das primeiras a introduzir o instinto de morte, e se aprofundou a cerca do tema da esquizofrenia. Mas infelizmente até hoje ela é mais lembrada por seu relacionamento com Jung do que por toda sua influência dentro da área.

Qual a relação de Freud com as mulheres na psicanálise?

Freud não aceitava muito bem as mulheres dentro da psicanálise, principalmente pelas críticas que recebia sobre seus estudos. Karen Horney foi uma das psicanalistas que criticou seus estudos sobre a psicologia feminina. Para Freud, as mulheres dentro da psicanálise sentiam “inveja do pênis” dos homens. Hornoy se torna então a fundadora da psicologia feminista, que derruba a teoria freudiana acerca da inveja do pênis.

A autora ainda afirma em seus estudos que o comportamento de homens e mulheres têm relação com a cultura em que estão inseridos, e não com o sexo em si, e que isto vai muito além quando se trata da psique masculina ou feminina. Na sua visão, é a sociedade que acaba moldando o que se espera de cada indivíduo, e provou em seus estudos observando diferentes culturas. Hoje ainda se ouve falar sobre ela como neo-freudiana.

Como as mulheres eram vistas antes de fazerem “parte” da psicanálise?

Até então, Freud só citava as mulheres como objetos de estudos e tratamentos, nem ele entendia o que realmente as mulheres queriam.

Já naquela época percebiam que as mulheres recorriam a tratamentos por meio de diálogo, em busca de minimizar ou colocar fim as suas inquietações, e justamente por este contato com pacientes mulheres despertou o interesse em tantas a ingressarem nos estudos psicanalíticos. 

Ao saírem da posição de pacientes e assumirem a responsabilidade de também estudar a mente humana, puderam expor seus próprios sentimentos com relação ao que era estudado somente por homens, com a presença das mulheres nos estudos sobre a psicanálise, elas acrescentaram um olhar clínico ganhando importância para a psicanálise.

A presença das mulheres na psicanálise não foi com o intuito de contestar os “mestres” da área, mas para acrescentar novos conhecimentos.

A figura feminina dentro da psicanálise acabou trazendo mais credibilidade para o estudo da psique feminina. Dessa maneira, gerou-se uma certa rivalidade com Freud, o que na verdade se tornou algo positivo, quebrando algumas barreiras onde elas próprias traziam seus sentimentos com relação a assuntos discutidos.

FONTE: Site: Psicanálise Clínica – Sobre as mulheres na psicanálise. 

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