O luto vem sendo amplamente discutido pela psicologia. Hoje é entendido como um processo natural que ocorre diante de perdas.
Em pesquisas de dicionário o luto tem como significado uma profunda tristeza relacionada à morte de alguém ou um sentimento de pesar que foi gerado através de perdas e separações significativas. Hoje trabalhamos o luto como um processo natural, um conjunto de reações e sentimentos relacionados a qualquer vínculo que possa ter sido rompido.
 
Quanto MAIOR o vínculo, mais dolorosa pode ser a relação com a perda, não existe uma fórmula ou um protocolo para lidar com o luto, o caminho é desconhecido, único, pode ser sinuoso e cheio de altos e baixos como uma montanha russa.
 
No processo de enfrentamento do luto a pessoa passa por uma readaptação, ressignificando sua vida a partir do vínculo que foi rompido. O foco do processo de luto NÃO é o de superar ou esquecer, mas SIM aprender (aos poucos, cada um no seu tempo) a conviver com a ausência.
Tabu sobre o luto.
Mesmo nos dias atuais ainda não se fala abertamente sobre a morte, as pessoas tem dificuldade, para lidar com a dor e o choro do outro, por isso ainda é considerado um tema “tabu”. 
 
Este tabu ainda acontece não só no meio familiar, mas no meio profissional e até mesmo no âmbito hospitalar, poucas pessoas conseguem se abrir e falar sobre a morte de forma natural.
 
A ideia da finitude também pode ser muito significativa quando se fala em luto, a forma que atravessamos este momento varia de pessoa para pessoa, pois vai depender da importância, do apego, da ligação e significado com o que foi “perdido”
 
O que é considerado luto?
Como já comentamos, tudo aquilo que tínhamos um sentimento muito grande de apego ou que fazia parte de nós e perdemos pode acarretar um sentimento triste vindo com ele o luto, podemos citar alguns exemplos do que pode ser considerado luto:
 
• Perda pela morte de um ente querido;
• Perda gestacional ou neonatal;
• O fim de um relacionamento;
• O diagnóstico de alguma doença grave;
• A morte de um animal de estimação;
• Uma amizade “perdida”;
• A demissão em um trabalho.
 
Se você está passando por isso nesse momento saiba que é de extrema importância que você não deixe esse sentimento de lado e entre em contato com ele, para poder dar um novo significado a perda e se adaptar à nova realidade.
 
O que são mortes inesperadas ou esperadas?
Para explicar a morte inesperada podemos usar como exemplo o que vivenciamos no período da pandemia de COVID 19, um vírus desconhecido, muitas pessoas internadas e seus familiares sem saber se é ou não a hora da morte do seu ente querido, restando apenas a confiança de que tudo ficaria bem.
 
Já a morte esperada, acontece geralmente quando um familiar ou alguém bem próximo está com uma doença considerada grave ou incurável, de certa forma dependendo da gravidade e do estágio da doença, já se “imagina” que a morte pode estar próxima.
 
Independente da morte ser “esperada” ou “inesperada”, cada indivíduo passa pelo processo do luto de uma forma diferente, lidando com suas dores e angustias individualmente.
 
Rituais de despedida
 
No decorrer dos séculos, a forma de lidar com os lutos e a importância de vivenciar o luto foi mudando. Existiu um tempo em que não era externalizada a dor da perda, não se aceitava, não se entendia, disfarçavam a dor, continham o que sentiam.
 
Os rituais de despedidas, também podem ser reconhecidos como o funeral, o velório, em que a família e as pessoas mais próximas tem um momento para se acolherem, e se ajudarem no processo e elaboração do luto, é através dos rituais de despedidas que a pessoa que morreu pode ser homenageada, como se de alguma forma diante do funeral fosse “concretizada” a morte da pessoa e fechado o ciclo sobre aquela vida.
 
É durante os rituais de despedidas que as pessoas próximas a quem morreu podem receber acolhimento, suporte social, demonstrações de afeto, é como se de alguma forma começasse o processo de organização do luto de “fora” para “dentro”.
 
Quais são as fases do luto?
 
CUIDADO ao buscar informações no “Dr. Google”, nem tudo que está lá é verdadeiro, como por exemplo as “fases do luto”. 
 
Ao se deparar com estas informações o enlutado pode tentar se identificar com as tais fases e dificultar ou até causar ainda mais dor e cobranças, como se o seu luto estivesse sendo vivido de forma errônea, podendo inclusive levar a um luto complicado por achar que não vivenciou como deveria “tal fase”.
 
As “famosas” 5 fases do luto foram descritas pela autora Elisabeth Kubler Ross em seu livro SOBRE A MORTE E O MORRER, porém, a intenção das fases não é generalizar e nomear as fases que você vivencia, MAS SIM, foram citadas pela autora em um estudo em que ela trabalhou com pacientes terminais, e a própria autora cita no livro que as fases não são lineares, e nem um “protocolo” a ser seguido.
 
Existe “prazo” para vivenciar o luto?
 
Cada indivíduo reage de uma forma diferente, são pequenas doses de realidade no cotidiano que vão ressignificando e processando a ausência do vínculo perdido.
 
“Aceitar não é concordar, aceitar é reconhecer que a morte aconteceu e não tem mais volta.” (Psicóloga Marianne Branquinho)
 
Não existe um prazo de “validade” para vivenciar o luto, todas as pessoas passam por altos e baixos durante o processo do luto, porém, vale observar como você está lidando com o passar do tempo, se está atrapalhando seu dia a dia e sua rotina, quando o luto te paralisa pode estar se tornando um luto patológico. 
 
Um luto mal elaborado pode levar a pessoa a uma depressão grave, é de extrema importância buscar ajuda já no início do luto, para que você possa trabalhar os sentimentos, as dores e o sofrimento.
 
E qual a função do psicólogo com pacientes enlutados?
 
A terapia pode te ajudar a processar e reconhecer sua dor, é um espaço sem julgamentos, você pode falar da sua dor sem evitar situações, expressando tudo o que sente, falando sobre os impactos desta perda na sua vida.
 
As oscilações durante este período são normais, e está tudo bem passar por elas. O processo do luto não é sobre superar ou esquecer, mas sim sobre como encontrar novos caminhos para lidar com a ausencia. 
 
Assim como ninguem aguenta olhar para o sol por muito tempo, mesmo estando de luto está tudo bem você sorrir, você sair para se distrair, em alguns momentos é como se a vida estivesse toda “cinza”, e em outros momentos você consegue ver poucas cores voltando em sua vida com novos significados.
 
 
 
 

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