Carl Gustav Jung foi o mais reconhecido pupilo de Freud, mas como as suas ideias sobre a psicologia estão presentes no seu dia a dia?

Carl Gustav Jung nasceu na Suíça em 1875, foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica. Seu trabalho foi e permanece influente nos campos da psiquiatria, psicologia, estudo de símbolos, mitos e literatura.
Criado numa atmosfera religiosa, seu pai era pastor e sua mãe vinha de uma família de reverendos. Para Jung, a contrariedade entre ciência e religião era a base de suas insatisfações, por isso buscava pelo empirismo em seus estudos religiosos, o que alimentaria a sua busca por estudos em ciências naturais, onde buscava a compreensão da religiosidade através desses estudos. Em meio a esses questionamentos acerca do mundo, Carl Gustav Jung decidiu estudar psiquiatria.
Em seus estudos em psiquiatria e na prática clínica, Jung tentou humanizar o serviço de atendimento aos pacientes, buscando investigar, para além dos sintomas, as questões existenciais que cada sujeito lhe trazia, tornando cada sessão clínica um encontro único, repleto de significados. Dessa forma, evitava rotulações aos pacientes e padronizações em termos de cuidados e tratamentos, ressaltando os aspectos individuais de cada caso. Nessa época, Jung já utilizava uma técnica rudimentar de associação de palavras, que dava grande valor aos relatos de seus pacientes.

A relação com Sigmund Freud

Em 1906, depois de ler a Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud, Jung iniciou uma correspondência por cartas com o fundador da psicanálise. A primeira conversa dos dois estudiosos teria durado treze horas ininterruptas, que foi o início de uma relação de trocas que duraria quase sete anos.
No entanto, as diferenças entre os dois eram evidentes desde o início, particularmente em relação à natureza do inconsciente. Outros aspectos em que eles discordavam era o interesse de Jung pelo espiritual como campo de estudo em si e o fato de Jung discordar das teorias do trauma sexual propostas por Freud. Em 1911, apenas cinco anos depois de se encontrarem, a relação começou a deteriorar-se, pois Jung propunha várias revisões à teoria psicanalítica de Freud. Em 1913, a relação entre os dois rompeu-se definitivamente. Foi justamente a angústia da separação entre Jung e Freud que rendeu material para que Jung pudesse continuar seus estudos, agora muito mais voltados para os estudos da relação indivíduo e imaginação, afastando-se das teorizações sexuais de Freud.

A psicologia analítica de Carl Gustav Jung

A partir de seus estudos, Jung desenvolveu o que mais tarde ficaria conhecido como “Psicologia Analítica” que investiga sonhos, desenhos e outros materiais como vias de expressão do inconsciente. Jung, diferentemente de Freud, assumiu a existência do que ele denomina inconsciente coletivo que, seria composto por uma tendência à sensibilização de elementos como imagens e símbolos, a partir de um apelo universal. Esses símbolos de importância coletiva seriam os conhecidos arquétipos junguianos. A proposta de intervenções clínicas de Jung consistia justamente em explorar o diálogo entre os conteúdos inconscientes e os arquétipos, e seria justamente a distância entre esses elementos a origem do adoecimento psíquico.

Como os estudos de Jung se aplicam no meu dia a dia?


O objetivo da análise junguiana é o que Jung chamou de individuação, que consiste na maior consciência dos fatores que influenciam a maneira como a pessoa se relaciona com a totalidade de suas experiências psicológicas, interpessoais e culturais. Esse conceito hoje em dia é amplamente utilizado em ambientes que priorizam a saúde mental, seja no seu escritório, aula de meditação ou sessões de terapia.
Ou seja, quando você busca compreender a sua vida ou os seus problemas e dificuldades através de análises de si mesmo, da sua personalidade e até mesmo dos seus sonhos, você está sendo influenciado pelos estudos de Jung. Quando você não considera algo que acontece na sua vida como mera coincidência, mas vê sincronicidade nestes eventos, você está sendo influenciado pelos estudos de Carl Gustav Jung. Até mesmo se você se interessa por mitologia, simbolismo e a constante repetição de padrões em culturas extremamente diferentes, é uma influência do trabalho de Jung. Além disso muitos testes psicológicos utilizados pela área de Recursos Humanos em empresas para a contratação ou desenvolvimento de pessoas são baseados nas teorias de tipologia de Jung! A classificação tipológica de Myers Briggs (MBTI), por exemplo, um instrumento popular psicométrico, foi desenvolvida a partir de suas teorias.

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