Racismo e saúde mental: entenda como o racismo pode afetar a saúde mental e a qualidade de vida de quem sofre o ato.
Segundo o filósofo e professor Silvio de Almeida, racismo “é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios, a depender do grupo racial ao qual pertençam”. Carregamos no Brasil uma história de 300 anos de escravidão, dentre os países da América, o nosso foi o último a abolir a escravidão negra formalmente, em 1888.  Alguns estudos apontam que, mesmo após mais de um século, ficou enraizado no inconsciente coletivo da sociedade brasileira um pensamento que marginaliza as pessoas pretas, por vezes impedindo que estas pessoas se constituam como cidadãos plenos. Vamos falar a seguir sobre os impactos emocionais que o racismo pode trazer, e como nós psicólogos e sociedade podemos buscar pela mudança deste paradigma. 
Quem foi Ganga Zumba?
Para entendermos um pouco sobre o 20 de novembro, dia nacional da consciência negra, não podemos deixar de falar sobre Ganga Zumba. Quando procuramos no google sobre o feriado, a primeira informação que aparece é que a data foi instituída pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, em referência à data em que Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morreu. Ganga Zumba foi o primeiro grande líder do Quilombo dos Palmares, na Capitania de Pernambuco, atual estado de Alagoas, Brasil. Sua mãe chegou ao Brasil aprisionada como punição por ter liderado dez mil homens na Batalha de Ambuíla, entre o Reino do Congo e Portugal, porém ao chegar ao Brasil, assim que tomou conhecimento da existência do Quilombo dos Palmares, liderou uma fuga de escravos para o local. Zumbi, outra figura emblemática do Quilombo dos Palmares, desafiou o tratado e se revoltou contra Zumba, e um seguidor de Zumbi, na confusão seguinte, envenenou Ganga Zumba. A resistência aos portugueses seguiu com Zumbi.
Quais são as possíveis consequências do racismo? 
Dados sobre a questão de saúde mental são sempre alarmantes, e se falarmos sobre racismo, números revelam que a cada 10 jovens que se suicidam no Brasil, 6 são pretos (Ministério da Saúde e UNB, 2016).  Informações ainda apontam que uma pessoa preta tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio que uma pessoa branca. O racismo pode ter efeitos materiais, sociais, econômicos e psicológicos, ele pode afetar a construção de identidade e a autoestima, gerando sentimentos de inferioridade e incapacidade além da negação e esquecimento de suas histórias e culturas. Por outro lado, o racismo pode distorcer a autopercepção de pessoas brancas gerando sentimentos de superioridade intelectual, moral e estética incompatíveis com a realidade. Além da questão de identidade e autoestima, quem sofre de racismo pode ter consequências emocionais, como ansiedade e depressão, insegurança, medo, estresse, síndrome do pânico, entre tantos outros transtornos.
Como a psicologia pode ajudar no combate ao racismo?
O racismo pode ser fonte de grande sofrimento emocional, e o Conselho Federal de Psicologia vem avaliando possibilidades de intervir nesta questão, conforme sua resolução nº18/2002.  Como psicólogos, é nosso papel abrir espaço para falar sobre o assunto, para que as pessoas que passam por racismo possam nomear situações que vivenciam, verbalizar o que passaram e como se sentem a fim de promover tratamentos de saúde mental. Devemos combatê-lo ativamente, temos um trabalho diário a ser feito, através de palestras em empresas, escolas, com ações afirmativas, incentivo aos estudos sobre as relações raciais, construindo assim sociedades mais justas e democráticas. O vínculo dentro de comunidades e o incentivo para que se criem e fortaleçam uma rede de apoio é fundamental para aumentar o sentimento de pertencimento.

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