“Mãe suficientemente boa” você sabe o que significa este conceito que faz parte da teoria do psicanalista Donald Winnicott?

Winnicott era pediatra antes de se especializar em psicanálise e observou por muito tempo a relação entre mãe e bebê. Para ele, boa parte dos problemas emocionais podem ter origem nas etapas precoces do desenvolvimento do bebê, na primeira infância. O ambiente fornecido por esta mãe pode ter uma influência decisiva no psiquismo precoce do bebê.

A “mãe suficientemente boa” deve ser considerada a mãe “perfeita”?

Diferente do que se pode imaginar, quando falamos em “mãe suficientemente boa” Winnicott não descrevia esta mãe como uma mãe perfeita, mas sim uma mãe que promove as necessidades básicas primárias do bebê, ela pode e deve ser falha, para que se construa um ambiente saudável.

A “mãe suficientemente boa”é aquela que frustra seu bebê em um momento do vínculo que criaram, mostrando que ele não terá seus desejos atendidos imediatamente, que existe um tempo de espera, isto é entendido de forma mais clara pelas mães a partir dos 3 meses do bebê mais ou menos, quando ele começa a perceber a mãe não mais como extensão dele, mas entendendo que são indivíduos diferentes.

É neste momento que o bebê começa a entender que quando chora (por exemplo) a mãe pode levar alguns minutos, mas chegará para acolhê-lo. Até porque neste período a própria “mãe suficientemente boa” já percebe o seu bebê e identifica com mais facilidade quando é um choro de dor, de fome ou de desconforto. 

Com estes limites começando a ser impostos na relação entre mãe e bebê, que a mãe começa a ajudar seu bebê a se tornar uma pessoa resiliente.

A interação saudável entre a mãe e o bebê/ criança.

As primeiras semanas de vida do bebê são extremamente exaustivas para a mãe, e quando falamos em mãe, ou a “mãe suficientemente boa”, não nos referimos somente a mãe biológica, que gerou, mas sim quem faz a maternagem, seja ela uma avó, uma tia, e até as mães de coração que por vezes aguardam por muitos anos e recebem seus bebês pela adoção ainda recém nascidos.

Neste primeiro momento, a mãe perde por um momento sua individualidade, existe uma autocobrança e cobrança externa para que ela dê conta de si e do seu bebê que é totalmente dependente dela e neste momento o que importa é a forma que a mãe se adapta para suprir as necessidades deste bebê.

A rede de apoio, a presença do parceiro (a), é muito importante neste momento, para que se crie um vínculo saudável e não sobrecarregado, e esta mãe consiga fazer seu papel se descobrindo como mãe e crescendo internamente como “mãe suficientemente boa”.

O significado da “Mãe Suficiente Boa” na Psicanálise.

Para a psicanálise, este primeiro momento entre mãe e bebê é relatado como “preocupação primária materna”, e as mães que não entram em contato com este papel primário, mais tarde, tentam compensar sua criança com comportamentos de superproteção.

“Em vez de terem naturalmente os bons resultados da preocupação temporária inicial, elas (…) têm que passar por um período prolongado dedicado a adaptar-se as necessidades, ou seja, mimar a criança.” (Winnicott, 1956:402)

A mãe é o espelho de si para o bebê, no rosto da mãe, o bebê vê a si mesmo. Desde a gestação, o que a mãe sente, o bebê sente, se ela está ansiosa ou deprimida, vai passar seu humor ao bebê.

Calma, respira, por mais difícil que possa parecer, é possível sim ser uma “Mãe Suficiente Boa” e ajudar no desenvolvimento de um bebê, criança, adolescente e posterior adulto com uma psique saudável.

Ainda segundo Winnicott, a qualidade das experiências da primeira infância da mãe, influenciam na qualidade de sua função como mãe. O principal objetivo desta “maternagem suficientemente boa” está ligada a três funções segundo o autor, “holding” (sustentação), “handling” (manejo) e a “apresentação dos objetos”, mas este assunto fica para um próximo texto.

Deseja iniciar atendimento psicológico com psicólogos psicanalistas? Clique aqui e agende sua sessão agora!

 

Add Your Comment